Cheguei a Oleiros num dia à tarde, logo após um bom almoço na Sertã, depois de deixar Lisboa pela manhã. Nesta bela e relativamente desconhecida região, o terreno montanhoso e a cor verde destacam-se de imediato ou não existisse por aqui a maior “mancha” de pinho Bravo de toda a Europa. Como se não bastasse em todo este cenário existem também vários rios, nascentes, açudes e fontes que “pintam” o cenário de uma outra dimensão. Uma mais perfeita e apetecível de explorar.

Vamos então conhecer a terra dos “olhos” de água e algumas das coisas que ela tem para oferecer.

Aldeia de Xisto de Álvaro

Quando pesquisei por locais interessantes para conhecer em Oleiros, descobri várias referências muito positivas a Álvaro, uma das Aldeias de Xisto desta região, que me convenceram totalmente. Decidi então ir e não me desiludiu mesmo nada! Diria até que é um ponto obrigatório de visitar do município.

Confesso que o casario não é o mais interessante que já vi, quando comparado com várias outras Aldeias de Xisto que conheço na região, dado que o seu aspeto exterior não tem a pedra que normalmente as caracteriza. Aqui em Álvaro as fachadas encontram-se na sua esmagadora maioria rebocadas com cal, por isso esta aldeia é até conhecida como “branca”, não se encontrando associada à imagem a que normalmente nos remetem as palavras “Aldeias de Xisto”.

O melhor de Oleiros (Beira Baixa)

No entanto continua sempre a valer a pena percorrer a povoação e tomar contacto com a população, com todo o património religioso e com os vestígios deixados pela Ordem de Malta que andou por aqui há vários séculos, numa época próxima da constituição de Portugal. Vale a pena reparar por exemplo no exterior de uma casa localizada junto à Igreja Matriz onde se encontra a Cruz de Malta ou conhecer a Casa dos Hospitalários, um turismo rural que já foi a Casa do Comendador da Ordem de Malta. Optei por não ficar alojada aqui pelo distanciamento geográfico do meu percurso mas fiquei mesmo curiosa em ter a experiência de ficar a dormir num local com tanto para contar.

Confesso que o casario não é o mais interessante que já vi, quando comparado com várias outras Aldeias de Xisto que conheço na região, dado que o seu aspeto exterior não tem a pedra que normalmente as caracteriza. Aqui em Álvaro as fachadas encontram-se na sua esmagadora maioria rebocadas com cal, por isso esta aldeia é até conhecida como “branca”, não se encontrando associada à imagem a que normalmente nos remetem as palavras “Aldeias de Xisto”.

No entanto continua sempre a valer a pena percorrer a povoação e tomar contacto com a população, com todo o património religioso e com os vestígios deixados pela Ordem de Malta que andou por aqui há vários séculos, numa época próxima da constituição de Portugal. Vale a pena reparar por exemplo no exterior de uma casa localizada junto à Igreja Matriz onde se encontra a Cruz de Malta ou conhecer a Casa dos Hospitalários, um turismo rural que já foi a Casa do Comendador da Ordem de Malta. Optei por não ficar alojada aqui pelo distanciamento geográfico do meu percurso mas fiquei mesmo curiosa em ter a experiência de ficar a dormir num local com tanto para contar.

Além de toda esta história, o que torna mesmo impressionante a aldeia de Álvaro é a sua localização. Encontra-se no alto de uma escarpa junto ao rio Zêzere, tendo um formato que parece acompanhar na perfeição o seu serpentear, tudo isto inserido num cenário montanhoso de cor verde a perder de vista. Lá em baixo, no rio, existe uma praia fluvial com o mesmo nome da Aldeia e que parece ter tudo para ser um local ideal para uns bons mergulhos. Não conheci esta praia, observei apenas do centro de Álvaro mas deu para perceber que é tranquila e que possui uma envolvência interessante, convidativa a bons momentos de lazer.

Aldeia de Xisto de Álvaro Beira Baixa Oleiros
Aldeia de Xisto de Álvaro

Praia Fluvial de Açude Pinto

Do rio Zêzere que “visita” a Aldeia de Xisto de Álvaro, aflui a ribeira de Oleiros que dá a volta à vila com o mesmo nome. Nesta ribeira num local muito próximo ao Parque de Campismo (a uma curta distância a pé), encontra-se uma praia chamada Açude Pinto que mais parece uma piscina. Toda esta zona do parque e da praia, com relva, zona para merendas e parque infantil é muito bonita e na minha opinião perfeita para dormir e servir de ponto de partida para explorar a região de Oleiros.

Eu, o Ricardo e a Maria ficámos numa cabana de madeira exatamente neste Parque de Campismo e foi uma boa experiência. Gostei do facto de ser um Parque pequeno, tranquilo, silencioso e bem localizado, a “meia dúzia de passos” da vila de Oleiros. Para quem viaja sozinho ou apenas com mais uma pessoa pode optar por ficar numa das casas hobbit que existem no parque e fantasiar (ou não) com o filme do “Senhor dos Aneís”. São também casinhas de madeira, tal como a que eu fiquei, mas mais pequenas e sem casa de banho. Ficam mesmo viradas para a Praia Fluvial de Açude Pinto. De qualquer forma, quer seja numa casa de madeira maior, numa mais pequena ao estilo hobbit, numa tenda ou numa autocaravana o Parque é uma boa opção.

Cascatas Fraga de Água d´Alta

Começo por dizer que as Cascatas da Fraga da Água d’Alta são as maiores e as mais espetaculares quedas de água de toda a região da Beira Baixa. E tudo isto já torna este local bastante interessante como eu pude comprovar! Mas há mais.

É um dos geomonumentos do Geopark Naturtejo, o primeiro território que combina a protecção e promoção do Património Geológico com o desenvolvimento local sustentável no nosso país. Saber acerca desta relevância foi mais do que suficiente para decidir integrar este ponto no meu percurso pela região de Oleiros. E no fim do dia dedicado a esta região lá fomos então, tendo em mente que era necessário criar um momento em família em que a Maria pudesse brincar e explorar ao seu ritmo.

Não houve então já muito tempo para explorar confortavelmente toda a Georota onde as Cascatas da Fraga da Água d’Alta se encontram inseridas, nem sequer todos os (três) patamares que constituem este geomonumento. Apenas estive no patamar onde a queda de água tem 15 metros, que acaba por ser a mais conhecida. Para aceder a este local é apenas preciso descer um pouco mais de 200 degraus de uma escada que se encontra logo junto à estrada. É bastante simples e rápido de chegar.

O melhor de Oleiros (Beira Baixa)
Cascatas Fraga de Água d´Alta

A queda de água que vi é de facto muito bonita e cativa desde o momento em que começamos a descer as escadas de madeira. Todo o cenário verde envolvente é imponente e a pequena “piscina” que a água forma quando cai disparada de uma parede rochosa é belissíma. É sem dúvida um sítio muito bonito que convida ao passeio e à contemplação.

Mas vi apenas uma pequena parte da região, pelo que fiquei com imensa vontade de regressar com mais tempo para percorrer toda a Georota do Orvalho e explorar a área envolvente da queda de água onde eu estive. O trilho (Georota) tem 8,9 quilómetros, está classificado como difícil e tem uma duração média de três horas e meia. Da próxima não escapa!

Grande Rota da Serra do Muradal-Pangeia, o trilho português dos Apalaches

Descobrir a existência de uma rota em Portugal que pertence ao grande percurso dos Apalaches foi uma das melhores surpresas que tive em toda a Beira Baixa e até mesmo em Portugal. Acredito que o percurso de cerca de 37 quilómetros localizado em Oleiros seja lindíssimo (não o fiz), mas o que me fascina mesmo é o simbolismo e o significado de percorrer uma parte de um dos ícones mundiais do pedestrianismo.

Mas comecemos pelo princípio, ou seja, por explicar o que são os Apalaches. E para isso temos de recuar até há vários milhões de anos quando todos os continentes estavam ligados num mega continente chamado Pangeia. Nessa altura formou-se uma cordilheira que foi alterada quando esse continente se separou e deu origem ao planeta terra como o conhecemos agora (no que diz respeito às placas continentais). Atualmente essa cordilheira, que antigamente estava junta, encontra-se separada no continente americano, no europeu e no africano.

A maior parte do comprimento da Cordilheira dos Apalaches está na zona leste dos Estados Unidos da América, entre o Maine a norte e a Geórgia mais a sul, num total de 3500 quilómetros de extensão. Em média para percorrer toda essa extensão é preciso atravessar catorze estados do país e demorar uma média de cinco a sete meses, dependendo de vários fatores. Fora dos Estados Unidos da América existem alguns locais onde é possível percorrer vestígios dessa antiga cordilheira dos Apalaches e 37 quilómetros dela estão em Portugal. Mais precisamente em Oleiros e na Serra do Muradal.

Pelo que pesquisei a Grande Rota percorre na maioria do seu trajeto a linha do cume da serra, pelo que imagino que no decorrer do percurso a paisagem seja soberba. Se ainda houver capacidade física, tempo e vontade a partir do trilho português dos Apalaches é possível continuar para a GeoRota do Orvalho (ambas as rotas estão ligadas).

Não percorri este trilho, apenas o descobri após a minha visita, mas é tão interessante que não podia deixar de o referir. Um dia quero fazê-lo a pé.

Roteiro de Arte Experimenta paisagem

Mas não só de património histórico e natural vive Oleiros. Há projetos muito interessantes, tal como o Vale de Moses, um local mais do que referenciado na imprensa como para a realização de retiros e o roteiro de arte Experimenta Paisagem. Este projeto em especial abrange não só Oleiros mas também a vizinha Sertã e Proença-a-Nova e tem como objetivo fazer da região do Centro um destino internacional de arte na paisagem.

Uma das obras que pode ser observada encontra-se na ribeira de Oleiros, a uma curta caminhada a pé do hotel Santa Margarida.

Explorei durante 6 dias a Beira Baixa a convite da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa. Como sempre, os meus comentários são independentes.


Informação prática

Como chegar: Oleiros localiza-se na Beira Baixa, região centro, a 214 quilómetros de Lisboa, 215 do Porto, 94 de Coimbra e outros tantos de Tomar. É possível chegar por Auto Estrada e depois mais perto da região pela Estrada Nacional.

Como se deslocar: A melhor forma é deslocar-se na região de carro. Pode chegar à vila de Oleiros de transporte público mas para chegar aos restantes locais da região deve ser um pouco difícil da mesma forma pelo que consegui perceber. Eu aluguei ainda em Lisboa um jeep com a Hertz Portugal e encaixou perfeitamente no estilo de viagem que eu fiz por toda a Beira Baixa, uma vez que percorri pontualmente alguns troços fora da estrada. Se puderem façam o mesmo!

Onde dormir: Existem algumas opções interessantes na região de Oleiros, tal como a Casa dos Hospitalários em Álvaro ou a Casa de Campo S. Torcato em Moradal (pelo que me apercebi, não fui conhecer), mas quando vi o Parque de Campismo da vila não hesitei. Fiquei numa casinha de madeira (não a hobbit uma vez que éramos três), com quarto, sala com sofá cama e uma pequena kitchenette e foi perfeito. A Maria andou à vontade, cá e lá entre a casinha, o parque infantil e uma tenda vizinha cujos donos tinham um cão. É um parque pequeno, seguro (o portão esteve sempre fechado no decorrer da minha estadia), com pouca circulação de carros e gostei muito do facto de estar ao lado da praia fluvial Açude Pinto e do centro de Oleiros.

Onde comer: Apenas tive uma refeição em Oleiros (o almoço ainda foi na Sertã) e confesso que não foi a melhor experiência. O jantar foi então no Hotel Santa Margarida e o que desiludiu foi o facto de a opção vegetariana que escolhemos não corresponder ao que estava descrito na ementa da receção. Claro que em terra de Cabrito Estonado pode ser arriscado comer algo diferente… Se a opção de quem visita Oleiros for essa tenho a certeza de que a experiência será bem melhor do que a minha! Um local imperdível para comer esta especialidade, que poderá ter vindo do Tibete, é a Adega dos Apalaches. Fica em Roqueiro a 15 minutos do centro de Oleiros.

Independentemente do que comer, não se esqueça de provar o Vinho Callum, proveniente da casta com o mesmo nome. É um produto que só vai encontrar em Oleiros.

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