O último dia da roadtrip de seis dias pela Beira Baixa ficou reservado a descobrir o município de Penamacor. Esta região é a que se encontra mais afastada de Lisboa, localizando-se já muito perto da Covilhã e do Fundão. Apesar de já ter passado perto da vila algumas vezes nunca a tinha visitado.
Penamacor é uma vila que se encontra associada a uma tradição muito interessante, que é a de fazer um madeiro. Na terra onde a minha mãe e os meus avós maternos nasceram, numa pequena aldeia de Gouveia, também tal acontecimento é praticado na altura do natal. Lá acontece religiosamente à meia noite do dia 24 de dezembro e toda a aldeia se junta para partilhar o nascimento do menino Jesus. Questões religiosas à parte é uma festa incrível, em que toda a comunidade está junta. Acredito que aqui também seja. E aqui a dimensão tanto do madeiro como da comunidade deve ter outro impacto com toda a certeza.
Castelo ou Fortaleza
Logo que cheguei à vila de Penamacor fui direta ao Castelo. Apesar de toda a zona histórica ter o pavimento neste momento em obras é possível ir de carro até ao topo se assim o pretender. Eu optei por ir por uma questão de tempo. Queria muito explorar as praias fluviais da parte da tarde.
Do castelo de origem provavelmente Templária, não resta muita coisa, apenas a majestosa Torre de Menagem, que rapidamente se destaca. Tanto aqui como em qualquer outro ponto da povoação. No momento em que a visitei estava encerrada mas ainda assim valeu a pena, uma vez que perto da sua porta de acesso tem um pequeno local, quase que miradouro, de onde se contempla uma paisagem belíssima. Aqui os olhos perdem-se por um vasto território que vai desde a Serra da Estrela até à vizinha Espanha. Se a Torre estiver aberta depois de contemplar a vista, não deixe de visitar o Centro de Interpretação do Castelo. Acredito que valha a pena.


Além da Torre de Menagem podemos encontrar ainda alguns vestígios antigos, tais como o Poço d’El-Rei, a torre do relógio e a porta de acesso para a vila. Nas ruas mais próximas desta zona ainda se consegue perceber o traçado urbano medieval, tal como acontece por exemplo na Rua de São Pedro. Tal como Castelo Branco, Penamacor já foi uma povoação muralhada e juntamente com outras fortalezas aqui à volta já tiveram grande importância na defesa do nosso país.
Convento de Santo António
Do outro lado da vila de Penamacor encontra-se o Convento de Santo António, construído no século XVI por Gaspar Elvas de Campos, fidalgo da Casa Real e Alferes-mor de Penamacor e destinado aos Frades Capuchos de São Francisco. Este local foi então ocupado por uma comunidade religiosa até passar a ser hospital e em 1946 espaço da Santa Casa da Misericórdia.
É possível visitar a igreja e o seu tecto de caixotões em talha dourada e de várias cores, o coro alto e o claustro. Embora pertença à Misericórdia terá sempre alguém disponível para lhe mostrar este espaço secular.
Praia fluvial da Meimoa
Dez minutos apenas separam o centro da Vila de Penamacor de uma freguesia muito simpática de nome Meimoa. A primeira impressão correu logo muito bem com um almoço no Restaurante “O Tear” do qual eu já tinha ouvido e lido bons comentários. Não desiludiu mesmo nada. Tanto que já voltei.
A apenas 200 metros da Estrada Nacional onde o restaurante se localiza, logo a seguir a uma ponte romana por onde passam carros, existe uma praia com o mesmo nome da terra onde se encontra. Eis a praia fluvial da Meimoa.
A ribeira da Meimoa passa serena por baixo da ponte e atravessa uma paisagem verde muito bonita, de ambos os lados. Tem uma boa área relvada que convida a estender a toalha, um parque de merendas, um parque infantil que a Maria utilizou durante um bom bocado da nossa estadia e ainda um café com uma esplanada que quase que permite molhar os pés.
Para chegar à água da ribeira é preciso descer um pequeno muro que o ladeia de ambas as margens ou em alternativa descer umas escadinhas com uns quatro ou cinco degraus que nos conduzem até ao seu interior. Se tiver “medo” de água um pouco fria como eu pode sempre sentar-se aqui, tal como eu fiz, e ser “picada” por pequenos peixinhos que vão adorar os seus pés.
Praia fluvial da Meimoa Praia fluvial da Meimoa
O ambiente estava ótimo, mas era hora de conhecer uma outra praia fluvial mesmo aqui ao lado (uma viagem de 15 minutos), com um nome muito parecido, Meimão.
Praia fluvial do Meimão
A barragem de Meimoa onde se localiza a praia fluvial do Meimão está integrada na Reserva Natural da Serra da Malcata. Esta é uma área protegida com mais de 16 mil hectares e terra de lince-ibérico até há bem pouco tempo atrás. Talvez seja por isso que aqui se sente e respira uma natureza quase intocável.
A praia fluvial do Meimão é um enorme complexo, diferente da praia fluvial de Meimoa, que se encontrava perto do restaurante onde fui almoçar. Aqui, na barragem onde se encontra a praia fluvial do Meimão, existe uma zona relvada extensa (muito maior do que na vizinha Meimoa), com muitas árvores a “pintalgar” o cenário e a oferecer sombras a todos os que assim o quiserem.
Para quem preferir outro conforto, pode optar por umas espreguiçadeiras acompanhadas de guarda-sóis de palinha, bastando para isso ir ao café-bar que é responsável pelo concessionamento da zona e alugar por um dia. Junto à esplanada desse café existe também uma zona grande com parque infantil, área com mesas onde se pode fazer um churrasco e tomar refeições e ainda o acesso à água.
Dentro da água existe uma plataforma constituída por duas zonas mais baixas, que correspondem a duas piscinas. Uma para crianças, com dimensão mais reduzida e baixa e outra maior para adultos. É uma forma super acessível para todos entrarem na água da barragem.
Ainda neste complexo existem algumas casinhas de madeira onde se pode dormir. Nós gostámos, não tínhamos ainda sítio para ficar nessa noite e optámos por ficar por aqui. O preço é acessível e proporciona uma noite bem passada, num espaço tranquilo e bonito. Foi muito bom abrir a janela de manhã e ver as cegonhas junto à barragem…
Cegonha na barragem de Meimoa Barragem de Meimoa Barragem de Meimoa
Explorei durante 6 dias a Beira Baixa a convite da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa. Como sempre, os meus comentários são independentes.
Informação prática
Como chegar: Penamacor localiza-se na Beira Baixa, região centro e é o município desta região que fica mais longe de Lisboa, já a 276 quilómetros. Do Porto fica a 265 e da Covilhã apenas 44.
omo se deslocar: A melhor forma é deslocar-se na região de carro. Pode chegar a Penamacor de transporte público mas para chegar aos restantes locais da região deve ser um pouco difícil da mesma forma pelo que consegui perceber. Eu aluguei ainda em Lisboa um jeep com a Hertz Portugal e encaixou perfeitamente no estilo de viagem que eu fiz por toda a Beira Baixa, uma vez que percorri pontualmente alguns troços fora da estrada. Se puderem façam o mesmo!
Onde dormir: Penamacor tem algumas possibilidades de alojamento, não muitas pelo que encontrei. Eu fiquei nas casinhas junto à Barragem de Meimoa e gostei imenso. Não é caro e a localização é muito simpática, em contacto com a natureza.
Onde comer: Eu almocei e jantei no centro de Meimoa, primeiro no “Tear” e depois num outro muito perto, “Calhambeque” que fica mesmo ao lado do minimercado junto à Estrada Nacional. Ambos são locais honestos, com boa comida e bom preço.
Boa tarde,
Quando surgir oportunidade visite a praia fluvial “o moinho” que fica em benquerença a dois minutos da meimoa.
Olá Diogo 🙂
Obrigada! Não conheço, tenho de ir para a próxima.