Depois de uma viagem de carro de cerca de 30 minutos a partir de Oleiros, cheguei ao município vizinho de Proença-a-Nova. Em tempos idos a vila com o mesmo nome já se chamou Cortiçada, devido à abundante produção de cortiça e ao elevado número de colmeias (também chamados de cortiços) que caracteriza a região. Mais tarde chamou-se ainda Vila Melhorada. Foi apenas no mais “recente” século XVI que o nome passou ao que é atualmente, mas não consegui perceber muito bem porquê. Talvez se deva de alguma forma à ligação com a Ordem de Malta e o Priorado do Crato, que tiveram um papel muito importante na sua história.
Mas independentemente da origem do nome, que me suscita sempre alguma curiosidade, interessa saber que a paisagem por aqui é muito parecida com a que encontramos em Oleiros, com montes e vales verdes e muitos cursos de água. Continua a ser uma região belíssima e super tranquila que suscita uma enorme vontade em ser explorada. Durante o dia que por aqui estive fui conhecer as suas cinco praias fluviais, a Aldeia de Xisto de Figueira que nunca tinha ouvido falar e também o superinteressante Centro de Ciência Viva da Floresta.
Praia fluvial da Cerejeira
Esta foi a primeira praia fluvial que visitei em Proença-a-Nova. O acesso estava em obras, com máquinas em movimento, mas com jeep essa condição não foi um problema. Cheguei então lá, estacionei e uns metros depois cheguei à praia através de uma pequena rampa de acesso.

A praia tem uma extensão de areia relativamente considerável e o seu enquadramento é muito bonito, verde, com algumas sombras, ou não estivéssemos nós em plena área de Pinhal (tal como acontece em Oleiros). O acesso à ribeira do Alvito é muito fácil, não sendo necessário descer escadas ou muros como acontece com outras do mesmo concelho. Com crianças este “pormenor” faz imensa diferença. Elas numa praia com estas condições têm muito mais liberdade para entrar e sair e ficarem entretidas a brincar à beirinha da água em segurança. O que não acontece com as praias fluviais cujo acesso à água implicam subir e descer escadas ao longo de um muro.
No areal existe um café que deverá tornar o local mais movimentado (o que pode ser bom ou mau de acordo com o que se procura) mas no dia em que lá estive ainda estava encerrado, penso que por ainda não ser oficialmente a época balnear. Mas imagino que em meados do mês de junho esta zona deva ganhar outra vida e movimento, o que pode ser interessante para muitos.

Praia fluvial da Fróia
A aproximadamente 15 quilómetros da Praia Fluvial da Cerejeira encontramos uma outra praia, desta vez a da Ribeira de Fróia que já ganhou em 2018 a Medalha de Qualidade de Ouro da Quercus. O enquadramento aqui é igualmente interessante, verde e montanhoso, mas a praia é diferente da que visitei antes.

Depois de estacionar o carro é preciso descer uma pequena rampa de acesso para chegarmos à zona onde se encontra uma queda de água e uma estrutura alta de pedra. Mas atenção que mais tarde no mapa da praia percebi que existem vários locais de estacionamento, logo várias formas de chegar.

Depois de ultrapassado este cenário inicial cheguei então a uma zona mais convidativa a ficar, mas ainda assim com margens relativamente estreitas e com superfície em pedra que eu não gosto tanto. Uma vez que não tinha muito tempo disponível para conhecer em profundidade todas as praias do município, segui caminho e não explorei muito mais. Reparei apenas num mapa da praia onde estava assinalada a existência de uma piscina infantil, de um parque de merendas e de algumas zonas de solário. Fiquei com a certeza de que não vi tudo o que a Praia Fluvial da Fróia tem para oferecer.
Aldeia de Xisto da Figueira

A apenas 400 metros da praia fluvial da Fróia encontra-se a Aldeia de Xisto de Figueira, que vale bem a pena visitar. O seu “charme rural” é grande, com ruas e ruelas emaranhadas, casas com fachadas em xisto, janelas em madeira e cortinados de renda.
Vale a pena passar por aqui devagar, conhecer os habitantes, trocar dois dedos de conversa com eles e percorrer a pé um pátio ou outro com vários vasos de plantas que convidam a ficar.
Praia fluvial de Alvito da Beira
Esta é a minha praia preferida de Proença-a-Nova! Fica a uns dez minutos (de carro) do centro da vila, a 30 minutos da praia fluvial de Fróia e um pouco menos do que isso da Praia fluvial da Cerejeira. A distância entre elas é relativamente pequena por isso é totalmente possível conhecê-las a todas se assim for o desejo do visitante.
Eu coloquei a mim mesma o objetivo de conhecer as cinco praias, para perceber as suas diferenças, mas sabia que tinha de optar por apenas uma delas para ficar mais tempo, para a Maria ter o tempo dela e explorar tudo ao seu ritmo.
Logo que cheguei à Praia fluvial de Alvito da Beira percebi que só podia ser esta. Há aqui por este vale uma beleza e envolvência natural que rapidamente me fascinaram. Até é engraçado pensar no nome da Rota que sai deste local: Recantos e Encantos. Imagino que sejam 11 quilómetros mesmo encantadores, tal como refere o nome.
Foi aqui que estendemos as toalhas na relva e entrámos na água. Bem na verdade, foi apenas o Ricardo e a Maria. Eu não consigo entrar em água fria, quer seja de rio ou de mar. Mas não faz mal, a minha parte preferida são os banhos do sol. Água só mesmo quentinha!
Existe um desnível muito pequeno entre a zona relvada e a superfície da água, pelo que uma criança consegue estar facilmente sentada na berma e molhar os pés, tal como a Maria fez, e eu própria. Para entrar na água podem ser utilizadas umas escadas tais como as que encontramos muitas vezes em piscinas ou então em alternativa, para entrar de forma mais suave podem ser usadas umas escadinhas de pedra que lentamente se dirigem para dentro da ribeira. A Maria gostava de brincar sentada no muro mas depois para entrar realmente na água ia sempre pelas escadas mais acessíveis.
Muito próximo da praia existe um café com esplanada onde é possível comer comida rápida ao estilo de hambúrgueres e cachorros. Nós queríamos algo mais e por isso fomos de carro até ao centro de Proença-a-Nova.
Praia fluvial de Aldeia Ruiva
Depois do almoço fui conhecer a Praia fluvial de Aldeia Ruiva, mas infelizmente estava encerrada. Saí durante um curto espaço de tempo do jeep mas apenas descobri que o Parque de Campismo fica mesmo ao lado e que a zona envolvente da praia está a sofrer algumas obras de remodelação.
Estava muito curiosa relativamente a esta praia porque li que é uma praia acessível, existindo uma cadeira anfíbia disponível para quem tem mobilidade condicionada. Para a próxima que vier aqui até à Beira Baixa visito novamente.

Praia fluvial do Malhadal
A última praia fluvial que conheci em Proença-a-Nova foi a do Malhadal, na ribeira do Isna. É um local super tranquilo, longe de qualquer povoação (pelo menos que eu tenha visto) e muito bonito. Ao longo dos seus cerca de 1000 metros de comprimento, esta praia oferece uma grande área de superfície relvada e de muitas sombras na sua zona envolvente. Para aceder à água é preciso descer um pequeno muro (não muito alto) ou pontualmente aqui e ali um pequeno desnível mais suave até.

Nós ficámos algum tempo, por vezes na toalha, outras junto à água e conseguimos ver alguns lagostins e até uma cobra que arrepiou a Maria (vá, e um bocadinho a mim)! É um local perfeito para relaxar e passar um bom bocado. Mas este ambiente de calmaria muda totalmente quando está aberto o Fluvifun, o Parque Aquático do Malhadal e único deste género na região da Beira Baixa. Quando esta instalação está em funcionamento pequenos e mais crescidos podem utilizar escorregas em direção à água, trampolins, ou fazer escalada por exemplo. Numa outra ocasião virei aqui com a minha filha que tenho a certeza de que irá gostar!
Centro Ciência Viva da Floresta
Antes de sair de Proença-a-Nova no dia seguinte, já em direção a Vila Velha de Ródão, passei no Centro Ciência Viva da Floresta sobre o qual tinha lido comentários muito positivos. Liguei, marquei hora e tivemos uma visita guiada privada, só mesmo para nós os três, o que permitiu ter uma explicação mais pormenorizada, tirar mais dúvidas e aprender muito mais.
Este Centro faz parte de uma rede de 21 outros Centros Ciência Viva que existem espalhados por Portugal e que têm como objetivo levar a cultura científica a toda a população portuguesa, tanto a jovens como também a adultos. Neste Centro de Proença-a-Nova o tema principal é a floresta, dado este município português ser um dos que mais fixa dióxido de carbono, o que está ligado à sua grande densidade florestal. Não fazia ideia deste facto.
Aqui existe uma exposição permanente onde são abordados temas ligados a vários aspetos tais como o tipo e o aroma das árvores, aos seus anéis e a sua composição, à densidade da madeira, ao ciclo da água, à atmosfera, aos incêndios e muito mais. O conteúdo é muito interessante tanto para adultos como para crianças, até porque o guia que faz a visita possui uma enorme capacidade de adaptar o seu discurso ao seu público. De qualquer forma existem vários equipamentos que prendem de imediato o público mais infantil como por exemplo uma máquina de levantar madeira, uma “pequena fábrica” que simula o processo de produção de lápis ou um microscópio que permite observar a composição de algumas folhas de árvores.
Na parte exterior existe um charco que pode ser visitado por todos, não sendo necessário adquirir bilhete. Este local é um laboratório experimental que pretende mostrar e valorizar este tipo de ecossistemas. Tanto aqui como no interior, qualquer um de nós aprendeu várias coisas sobre a natureza.
Explorei durante 6 dias a Beira Baixa a convite da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa. Como sempre, os meus comentários são independentes.
Informação prática
Como chegar: Proença-a-Nova localiza-se na Beira Baixa, região centro, a 216 quilómetros de Lisboa, 213 do Porto, 90 de Coimbra e outros tantos de Tomar. É possível chegar por Auto Estrada e depois mais perto da região pela Estrada Nacional.
Como se deslocar: A melhor forma é deslocar-se na região de carro. Pode chegar à vila de Proença-a-Nova de transporte público mas para chegar aos restantes locais da região deve ser um pouco difícil da mesma forma pelo que consegui perceber. Eu aluguei ainda em Lisboa um jeep com a Hertz Portugal e encaixou perfeitamente no estilo de viagem que eu fiz por toda a Beira Baixa, uma vez que percorri pontualmente alguns troços fora da estrada. Se puderem façam o mesmo!
Onde dormir: Existem algumas opções que me parecem interessantes (apenas por pesquisa, não fui conhecer) na região de Proença-a-Nova, tais como o Solar de São Jacinto ou as Casas da Cabreira. Eu optei por ficar mais próxima do centro mas não tive uma boa experiência por isso nem vale a pena falar.
Onde comer: Almocei no restaurante “Rotunda” mesmo no centro de Proença-a-Nova e gostei. É um daqueles locais honestos, com boa comida portuguesa a um preço justo. No final do dia fui ao “Tasca”, igualmente no centro, que é um espaço simpático com uma ementa mais à base de petiscos e bom vinho. A comida era boa mas não está tão alinhada com as minhas opções cada vez mais à base de vegetais e algum peixe.