Hoje em dia a reputação internacional dos vinhos portugueses é inquestionável. Existem várias regiões vitivinicolas, sendo uma das maiores a do Alentejo. É aqui que se localiza a Herdade do Esporão, junto à histórica cidade de Reguengos de Monsaraz. São 1830 hectares, dos quais 450 hectares são vinha das mais variadas castas, 80 hectares são olival e 600 são prados, bosquetes e montado de azinho.

A paisagem é recortada pela água a oeste pelo rio Degebe, atravessada de norte a sul, pela ribeira da Caridade e centrada pela albufeira que ocupa 120 hectares. É considerada uma das mais antigas propriedades demarcadas de Monsaraz.

Os limites da Herdade foram definidos no ano de 1267, tendo na altura o nome de Defesa do Esporão. O dono da Herdade era Soeiro Rodrigues, juíz de Évora.

Mais tarde, em 1427 foi instituido o morgadio do Esporão por D. Teresa Anes da Fonseca, casada com Fernão Lopes Lobo. A filha de ambos, D. Leonor Ribeiro da Fonseca casou com Álvaro Mendes de Vasconcelos, cavaleiro da casa do Duque de Bragança e regedor de Évora. Foi este nobre que mandou edificar a Torre do Esporão, entre os anos e 1457 e 1490.

A construção da Torre terá tido como objetivo a afirmação de uma nova linhagem, perante a sociedade.

Era portanto um símbolo de senhorio e poder militar. Não tinha qualquer utilidade ao nível de defesa territorial.

No início do século XVI, João Mendes de Vasconcelos que se encontrava na posse da Herdade, mandou construir uma ermida dedicada a Nossa Senhora dos Remédios. Desde a sua edificação tornou-se objeto de um intenso culto popular na região. São de destacar os frescos da capela-mor.

Um novo período começou quando os condes de Alcáçovas venderam a Herdade a José Roquette e Joaquim Bandeira. Corria o ano de 1973. Alguns anos mais tarde realizou-se a primeira colheita de uvas e produção de vinho. Mais recentemente, entrou no mercado do azeite.

Hoje em dia a Torre do Esporão alberga o Museu Arqueológico do Complexo dos Perdigões. Aqui é possível ver algumas peças das escavações realizadas num conjunto pré-histórico (com cerca de 5000 anos) encontrado a 5 km da Herdade.

Recomendo ir visitar toda esta riqueza cultural. Apreciar a paisagem, os monumentos, a vinha e os vinhos. É um local paradisíaco para ter um belissimo fim de tarde no magnífico Alentejo, com um copo na mão… Foi o primeiro empreendimento de enoturismo certificado de Portugal.

Veja também estes artigos sobre o cante alentejano e Monsaraz.

Agradeço imenso toda a colaboração e simpatia da Herdade do Esporão no fornecimento de infomação sobre a Herdade e da foto utilizada.

20 respostas

  1. Não fazia ideia que a história da Herdade do Esporão era tão longa! Tenho de me lembrar de visitar da próxima vez que for al Alentejo, pelo menos a Torre do Esporão. Gosto muito de atividades relacionadas com enoturismo 🙂

    1. Olá Diana 🙂
      Para mim também foi uma descoberta. Não fazia mesmo ideia… As surpresas que aparecem quando averiguamos a história! Já somos 2, também gosto muito de atividades relacionadas com enoturismo.

    1. Olá Camila 🙂
      Muito obrigada! Quando lá estive apenas consegui entrar na Torre para ver o Museu. Mas pode ser que agora já seja possível ir lá acima. A vista deve ser incrível 🙂

  2. Olá! mais um artigo muito interessante e pronto a ensinar 😀
    Não fazia ideia que “A construção da Torre terá tido como objetivo a afirmação de uma nova linhagem, perante a sociedade.”, mas já estive em locais onde o tamanho das chaminés definia a importância de quem vivia naquelas casas. Quanto maior fosse a chaminé mais “importante” era a pessoa que lá vivia. 😀 Boas viagens!

  3. Confesso que não sou muito conhecedora de vinhos, mas fiquei intrigada com a história da Herdade e principalmente com a Torre. Vou pesquisar mais a respeito quando for a essa região de Portugal.

  4. Que legal conhecer mais sobre a história da Esporão e sobre a torre. A região é muito linda mesmo, tive a oportunidade de conhecer e me apaixonei.

  5. Muito interessante a história. Geralmente pensamos em descobrir a história quando visitamos uma cidade ou monumento mas não nos atentamos que uma região vinicultora pode ter muita história para contar .

    Bjs
    Dani Bispo
    abolonhesa.com

  6. Olá Catarina! Adoro o seu blog e a forma didática como escreve. Esse lugar é lindo e deve ser ainda mais lindo pessoalmente. 😉

  7. Curiosidades muito interessantes, adorei saber mais sobre a região, Dá pra imaginar as belezas do lugar só pela história que você contou. E a torre? É possível subir pra apreciar a vista lá de cima?

    1. Olá Cynara 🙂
      Que bom que gostou. E corresponde mesmo… é uma região muito bonita. Eu adoro o alentejo. Eu fui à torre mas apenas ao museu. Não era possível subir ao topo.

  8. Oi, Catarina!
    Adoro seus posts, cada dia nos faz conhecer histórias e lugares que até então eu não conhecia. Amo vinhos e conhecer vinícolas e conhecer essa história com certeza já me faz ter vontade de visitar esse lugar.
    Beijos.

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