Arrisco dizer que Chefchaouen é muito provavelmente um dos locais mais fotogénicos do mundo. A tonalidade azul turquesa das casas proporciona um ambiente incrível a esta pequena povoação do norte de Marrocos.
Passear pelas ruas estreitas da medina ou fazer uma caminhada na sua envolvência até um ponto alto de forma a conseguir ver esta “mancha” de cor é um programa fascinante. Eu já não visitava esta parte de Marrocos há mais de dez anos e fiquei encantada como se fosse a primeira vez que lá estivesse.
Conhecendo a história da sua fundação penso que a torna ainda mais interessante… Esta pérola de Marrocos esteve fechada a estrangeiros até 1920, tendo conservado até há bem pouco tempo a sua autenticidade.
A história de (amor) Chefchaouen
Chefchaouen é também designada de Chaouen, que foi o nome dado à povoação na época da sua fundação. Corria o ano de 1471 quando Moulay Ali Ben Rachid decidiu construir uma povoação fortificada que permitisse servir de base para combater os portugueses que se encontravam na zona norte do país. Chefchaouen significa “os chifres” em dialeto berbere da zona do Riff. Esta questão dos chifres deverá estar relacionada com a localização geográfica da terra. De facto, a zona mais antiga encontra-se numa encosta, entre dois picos.
Esta importância militar continuou durante cerca de um século, até que a perdeu para Tétouan, que por estar mais a norte estava melhor posicionada para a defesa do território marroquino.
Diz a lenda que Ali Ben Rachid estava apaixonado por Catalina Fernández, uma espanhola de Vejer de La Frontera, da região da Andaluzia, que adquiriu o nome árabe de Laila Zuhra. E talvez seja por isso que quando foi a queda do último bastião muçulmano de toda a Península Ibérica em Granada, os muçulmanos e judeus tivessem rumado a Chefchaouen à procura de um local seguro.
A influência desta vaga de refugiados determinou o que a cidade é hoje. O ambiente que se sente aqui é único. Por um lado espanhol, devido ao cal utilizado nas paredes, às pequenas ruas estreitas e sinuosas e pelos vasos de flores perto das portas das casas. Os judeus esses trouxeram a cor azul turquesa, uma vez que para eles esta cor tem uma ligação com o divino. Inicialmente eram apenas as suas habitações que estavam pintadas desta cor, mas ao longo do tempo este hábito foi-se “espalhando” por toda a medina.
Há quem diga também que a cor azul poderá estar ligada a questões mais práticas como servir de repelente para mosquitos ou para manter a casa mais fresca nas épocas mais quentes. Talvez possa ser uma mistura de tudo isto…
Mas é de facto uma experiência fantástica percorrer este azul. Parece mesmo que estamos no céu.
O que ver/fazer em Chefchaouen: a medina
É a cor azul e as características relacionadas com a traça das casas que torna fascinante Chefchaouen. Sabendo isto, o mais importante a fazer aqui é mesmo percorrer todas as pequenas ruas, subir e descer as várias escadas.
A parte central da medina é onde se encontra a velha kasbah, um género de pequeno castelo fortificado. Vale bem a pena entrar e subir ao seu ponto mais alto para admirar de uma outra perspetiva toda a medina. É facilmente encontrada pois fica na praça principal de Chefchaouen, a Uta el Hammam. É nesta praça e nas ruas à sua volta onde se podem encontrar vários restaurantes, de comida marroquina e oriental e também alguma de rua.
Muito perto desta praça encontram-se dois hammams, onde poderá ir a banhos tal e qual como um verdadeiro marroquino.
Para observar toda a medina melhor deverá distanciar-se um pouco e ir até um ponto como a mesquita (espanhola) Bouzâaf. No caminho há um pequeno comércio onde pode beber um sumo de laranja fantástico. Muito bom para dar energia para a subida!
Roteiro fotográfico de Chefchaouen
Eu viajei a convite do Turismo de Marrocos, mas todos os meus comentários são independentes.
Dicas para viajar até Chefchaouen
(Se fizer as suas reservas através destes links, não paga mais nada por isso e eu ganho uma pequena comissão, o que é determinante para eu continuar a escrever sobre viagens. Obrigada!).
Como chegar: Se for de Lisboa como eu, o melhor é apanhar um avião direto para Fez ou Tânger. A partir daí pode chegar de autocarro ou de táxi até Chefchaouen. Eu voei até Fez que era a minha primeira paragem e depois com um minibus.
Como se deslocar: Na medina não entram carros, por isso a única forma de explorar é mesmo andar a pé. E ainda bem, porque esta é a melhor forma de conhecer um novo local. Para explorar os arredores da cidade, fora da medina, é melhor optar por um táxi. Se preferir carro vale sempre a pena comparar os preços e escolher o melhor negócio na Rentalcars.
Onde dormir: Pode ficar mesmo na medina, mas eu recomendo marcar alojamento no Dar Echchaouen, onde eu fiquei. É um sitio muito tranquilo, a uma caminhada de dez minutos da praça principal. Se tiver carro ou se não se importar de ficar um pouco mais longe pode optar pelo Dar Ba Sidi & Spa, um local muito agradável e espaçoso. Pode ficar numa casinha só para si.
Veja aqui todos os locais para dormir em Chefchaouen
Onde comer: Há muitos locais para tomar as suas refeições na praça principal da medina. Eu recomendo conhecer o Hotel Parador, que fica muito perto da kasbah. A comida é óptima e a vista para as montanhas espetacular.
Tours: Uma das questões que muitas vezes me colocam é sobre a necessidade ou não de um tour na medina. Eu já estive várias vezes em algumas cidades marroquinas e nunca contratei guia nenhum, nem para conhecer a medina nem para me levar a algum local em particular. Nesta viagem em particular fui acompanhada por um guia e diria que vale a pena. Penso que devemos sempre reservar tempo para andarmos sozinhos, mas é sem dúvida uma mais valia percorrermos as ruas com alguém que conhece bem o local e que nos pode dar boas dicas.