Varanasi localiza-se no estado de Uttar Pradesh, no nordeste da Índia e é uma das cidades mais antigas do mundo. Não se sabe ao certo quando foi fundada, mas acredita-se que pode ter mais de 3000 anos.
O escritor Mark Twain disse que “Varanasi é mais antiga do que a história, mais antiga do que a tradição, mais antiga até do que a lenda e parece duas vezes mais antiga do que todas elas juntas”.
A cidade é considerada por muitos fiéis a mais sagrada do hinduísmo, dado ser banhada pelo rio Ganges. Para os indianos não é apenas um rio, mas a personificação da deusa Ganga (o que torna o rio sagrado).
Os seguidores do hinduísmo acreditam que o rio tem a capacidade de purificar os pecados acumulados, por isso morrer em Varanasi ou pelo menos ser cremado e ter as cinzas atiradas à água, é a forma mais elevada de purificação. Existe uma crença que indica que quem morre em Varanasi fica liberto do ciclo de reencarnações. Desta forma é alcançada a glória e atingido o nirvana, o supremo estado de sabedoria.
É a libertação da alma.
Um hindu tradicional deseja passar os seus últimos dias num ashram (centro de retiro espiritual e para prática de ioga e meditação) em Varanasi, entoando cânticos e arrependendo-se dos seus pecados. À beira do rio podem-se ver muitas casas que albergam hindus que escolheram ir morrer para esta cidade.
Após a sua morte, um hindu deseja ser cremado e as suas cinzas atiradas ao rio Ganges, para dessa forma purificar os seus pecados.
Em Varanasi, existem várias escadarias de pedra que descem até ao rio, designadas de gaths. Esta é a alma da cidade e em alguns gaths são realizadas cerimónias de cremação. Por ali sente-se o cheiro a carne queimada e vê-se as cinzas que pairam no ar… Se quisermos podemos presenciar, em silêncio. As mulheres dos mortos não deverão estar presentes, uma vez que se considera que têm mais dificuldade em controlar os seus sentimentos.
Os familiares levam o morto envolto num pano até ao rio, onde é imerso e seguidamente retirado. O corpo já seco é cremado numa pira funerária de madeira. Após concluído o processo as cinzas e os restos do corpo que não foram queimados são lançados ao rio.
Além destas cerimónias, nos restantes gaths praticam-se outras atividades, como banhos cerimoniais, rituais de adoração, ou atividades mais comuns como lavagem de loiça ou roupa ou prática de ioga.
É difícil descrever o que foi passar algum tempo em Varanasi, nos gaths. Foi uma experiência metafísica e espiritual. Foi uma experiência muito importante da minha vida.
Gostei muito de ler sobre Varanasi. Estive lá em 2011 e foi inesquecível. Raramente gosto de ir ao mesmo sítio duas vezes mas voltaria aqui outra vez, sem hesitar.
Jamais esqueceu o nascer do sol no barco e a vista da cerimónia diária também de barco.
Olá Marta 🙂 Que bom que gostou. Realmente a Índia e esta cidade em particular foi uma experiência marcante na minha vida. Também não esqueço algumas coisas que vi por lá….
oi Catarina… Imagino que visitar a Índia deva ser impactante. Eu penso em ir, desisto, penso em ir de novo, desisto de novo… Sei que deve ser mesmo difícil descrever as experiências vividas no país, mas seu texto me levou até o Ganges e quase pude sentir o cheiro de carne queimada e ver as cinzas pairando no ar.
Enquanto não vou de verdade, viajo por suas palavras. 🙂 Ana
Olá Analuzia 🙂
É sem dúvida, uma viagem de uma vida. É um autêntico desafio interior assimiliar todas as diferenças cultuarais. Fico tão contente por ler as suas palavras 🙂 Muito bom saber que o que escrevo ajuda a viajar. Vá à Índia. Vai adorar. Um bom ano!
Um dia, eu tomo coragem! 🙂 Ana
Sim!!! 🙂