O vinho tem tido um papel de destaque em quase todas as civilizações, possuindo uma certa aura de misticismo e simbologia. É muito mais do que o néctar que se extrai da uva, é a “dádiva dos deuses” enaltecida na religião cristã como o “sangue de Cristo”.
Em Portugal acredita-se que a vinha foi cultivada pela primeira vez há mais de 4000 anos, nos vales do rio Tejo e Sado pelos Tartessos. Ao longo dos anos a zona que é hoje Portugal esteve ocupada por diferentes povos, que desenvolveram a vinha com novos métodos e técnicas e diferentes castas que traziam dos seus locais de origem.
São de destacar os romanos que tiveram um papel muito importante na modernização da cultura do vinho e no seu desenvolvimento. Bem mais tarde, também com um papel muito importante, as Ordens religiosas, que foram responsáveis pelo povoamento de extensas regiões o que levou ao aparecimento de centros agrícolas. O vinho tem um papel muito importante nas celebrações religiosas e por isso uma das coisas que era cultivada pelas Ordens era a vinha. Também no quotidiano o vinho tem um papel social extremamente importante, é tipicamente português haver “pão e vinho na mesa” quando a família e/ou amigos se juntam.
Neste artigo convido a descobrir um pouco do vinho português, imagem de marca do país e que tantos prémios de reconhecimento tem ganho. Agradeço à ViniPortugal pela disponibilidade em fornecer toda a informação necessária.
14 regiões vitivinícolas demarcadas
1ª região demarcada
Foi no ano de 1756 que foi criada a 1ª região demarcada, regulamentada por decreto e reconhecida em todo o mundo, o Douro Vinhateiro que se localiza no norte de Portugal. É uma zona belíssima onde o vale do rio Douro apresenta encostas íngremes, com milhares de socalcos, onde se produz o vinho do Porto desde 1678. Este é um vinho único no mundo que é produzido numa zona já classificada como Património da UNESCO.
Regiões portuguesas
Ao longo dos anos foram sendo delimitadas geograficamente regiões portuguesas, onde a produção de vinho apresenta características comuns.
Para sabermos se um determinado vinho pertence a uma das regiões devemos verificar o seu rótulo e procurar o selo de autenticidade: DOC – Denominação de Origem Controlada. Mas atenção que o facto de um vinho comprovar que é de uma determinada região não significa necessariamente que é melhor do que um outro da mesma região que não tem esse selo. A indicação DOC apenas indica que o vinho obedeceu a regras claras de utilização de castas específicas, do tipo de condução da vinha e do seu terroir.
Atualmente em Portugal existem 14 regiões onde é produzido vinho, sendo as mais conhecidas as do Porto e Douro, Dão e Lafões, Alentejo e Tejo. As restantes 10 são as regiões conhecidas como: Vinho verde, Trás-os-Montes, Távora-Varosa, Bairrada, Beira Interior, Lisboa, Península de Setúbal, Algarve, Açores e Madeira.
Em todo o território português, espalhados por todas as regiões demarcadas, existem mais de 250 produtores certificados. Muito bom vinho para provar…
3 níveis na hierarquia dos vinhos
DOC
O nível mais elevado na hierarquia dos vinhos encontra-se ocupado pelos DOC. Existem cerca de 30 denominações DOC, produzidas nas várias regiões vitivinícolas, que podem comprovar que cumprem todas as regras exigidas, tais como as castas recomendadas e qual a quantidade máxima de cada uma.
Regionais
No nível abaixo dos vinhos DOC existem os vinhos regionais, cujos regulamentos são menos rigorosos. No mercado encontramos vários vinhos deste nível com enorme qualidade, não necessariamente inferior aos classificados como DOC. Basta um produtor querer experimentar um vinho diferente com uma mistura de outras castas, ou até de diferentes quantidades das mesmas, e já não tem a classificação DOC.
Vinhos de mesa
No último nível estão os vinhos de mesa que não obedecem às normas exigidas aos vinhos regionais e muito menos a um DOC. Mas também aqui há belas surpresas, não se deixe enganar. Hoje em dia há produtores que gostam de experimentar produzir vinhos diferentes, fora de todas as regras impostas e que são muito bem sucedidos.
Acaba por ser uma questão formal que hierarquiza os vinhos e não é necessariamente o que dita o preço nem a qualidade de um vinho português.
7 estilos de vinho
Existem sete diferentes estilos de vinho em Portugal, sendo eles o vinho branco, o rosé, o tinto, o espumante, o do Porto e ainda o vinho da Madeira e o Moscatel.
Vinho branco e rosé
Um vinho branco pode ser leve e fresco, com baixa graduação alcoólica, como os de Bucelas, que são ideais para beber no verão; ou pode ser um vinho com estrutura, já mais alcoólico, que combina bem com um prato com sabor mais forte. Um rosé tem uma cor rosada e um baixo teor alcoólico, tal como o muito conhecido em Portugal, o vinho Mateus.
Vinho tinto e o espumante
Dentro dos vinhos tintos é que existe uma maior variedade, sendo possível encontrar vinhos suaves e aromáticos, vinhos com estrutura, robustos (típicos do Douro) e elegantes como os do Dão. Os vinhos espumantes são produzidos em diferentes locais de Portugal, mas os mais conhecidos são os provenientes da Bairrada.
Vinho do Porto
No Douro encontramos o vinho do Porto, talvez o mais conhecido vinho português. Pode ser branco, Tawny e Ruby (dentro deste existe o Vintage) e é adequado normalmente a acompanhar queijo, chocolate ou até a fazer parte de cocktails. Qualquer um deles tem um sabor intenso e um teor alcoólico elevado.
Vinho da Madeira
O vinho da Madeira tem origem na ilha com o mesmo nome e tem um sabor ligeiramente caramelizado, combinando na perfeição com alguns queijos ou frutos secos.
Vinho Moscatel
Finalmente o aromático vinho Moscatel, que é associado de imediato a Setúbal, sendo ideal para acompanhar doces conventuais.
250 castas de vinho
Existem 250 castas nacionais, sendo uma casta um conjunto de videiras com características específicas que transmitem ao vinho um caráter único. A esmagadora maioria das castas existentes no território português não existe em mais lado nenhum do mundo, apesar da sua elevada qualidade. Associado à casta está também o seu terroir, ou seja, as características do solo e do clima onde se encontra implementado. Uma casta cultivada no Douro não produz o mesmo vinho se estiver no Alentejo ou na Madeira por exemplo.
As castas portuguesas mais relevantes e mais conhecidas são o Alvarinho, Arinto, Encruzado e Fernão Pires/Maria Gomes nas brancas; e Baga, Castelão, Touriga Franca, Touriga Nacional, Trincadeira e Tinta Roriz nas tintas. Normalmente um vinho é realizado com a mistura de mais do que uma casta, mas também há bons casos de vinhos monovarietais, como é o caso de alguns verdes ou os da Bairrada.
A mistura de castas tem como objetivo criar o equilíbrio perfeito entre as características de cada uma. Há até um caso de um vinho branco produzido com 206 castas diferentes!
É um trabalho rigoroso, realizado ao longo de vários anos para criar um vinho…. perfeito.
41 rotas do vinho
Para conhecer um pouco melhor os vinhos portugueses aconselho percorrer alguns locais do país denominados de Rotas do Vinho. São percursos onde poderá observar as técnicas de tratamento da vinha, participar na vindima, visitar as adegas e muitas outras atividades.
Em Portugal existem 11 zonas tal como a do Ribatejo, do Oeste ou do Alentejo, com um total de 41 rotas do vinho. Em cada rota pode visitar a sala de provas ou as quintas e/ou adegas e conhecer todos os aspetos inerentes ao vinho português.
Em muitos destes locais existem pessoas que o poderão ajudar a conjugar harmoniosamente o vinho com a comida. Qualquer vinho pode ser provado individualmente, mas a experiência que pode surgir com a comida certa…. é ainda melhor.
Para saber mais sobre o vinho Português: Site do Instituto da Vinha e do Vinho e do Wines of Portugal
Dicas sobre viajar até Lisboa
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Como se deslocar: A melhor maneira de se delocar no centro de Lisboa é a pé (o centro histórico não é muito grande), de metro ou em alternativa de autocarro. Se for par Sintra, Cascais, Ericeira ou margem sul do Tejo, por exemplo, existe uma boa rede de comboios e de autocarros.
Se quiser explorar os arredores, recomendo alugar carro. Vale a pena comparar os preços e escolher o melhor negócio na Rentalcars.
Onde dormir: Atualmente existe em Lisboa uma norme oferta de alojamento, pelo que escolher pode não ser tarefa fácil. Eu privilegio sempre a localização por isso recomendo ficar a dormir em Alfama, um dos bairros mais típicos e genuínos da cidade. Se ficar neste bairro pode ir a pé até ao castelo, ao Martim Moniz ou ao Rossio, locais obrigatórios numa visita a Lisboa.
Se vier num grande grupo (até sete pessoas) ou em família recomendo ficar a dormir no Luxurious Alfama Riverview, que é um apartamento super bem localizado e com uma vista fantástica para o rio Tejo.
Se vier sozinho ou num grupo de até três pessoas recomendo o Alma Moura Residences, também muito bem localizado.
Excelente trabalho amiga.Agora temos de ir visitar as regiões todas e provar o nectar dos Deuses!!
olá Vitor 🙂
Muito obrigada 🙂 Pois é, tarefa difícil esta!!!!