A minha filha Maria desde que fez 2 meses que passou a viajar comigo e com o pai, a conhecer e a ter mundo connosco. Por isso na altura em que fez 3 anos já ia no seu 2º passaporte e já tinha vários carimbos, tais como os das Maldivas, EUA, Brasil, Argentina ou Cabo Verde.
Sugiro conhecer as restantes crónicas de viagem: Conheça as viagens que já fiz em família desde o início:
Viagens em família #19 Santiago (Cabo Verde)
Eu já tinha ido ao Sal e a Boavista e estava com vontade de conhecer mais Cabo Verde para lá dos destinos mais turísticos e conhecidos. Por isso decidimos ir a Santiago. Nesta altura a Maria tinha feito 3 anos há pouco tempo.
Comprámos voo, reservámos um apartamento no bairro de Palmarejo, junto à cidade da Praia e fomos! Começámos por explorar a cidade da Praia, perceber como as pessoas se deslocavam dentro da ilha e escolhemos a mesma forma.
Na zona do centro, junto ao mercado de Sucupira reúnem-se todas as “Hiaces”, táxis colectivos, que partem para vários pontos da ilha. Nós movimentámo-nos sempre desta forma. É super económico e o mais próximo possível da realidade dos habitantes locais. Mesmo com o carrinho de bebé foi tranquilo, era desmontar e colocar num banco ou ao nosso colo de acordo com a ocupação da carrinha. É que há sempre lugar para mais um! E é sempre possível fazer mais uma paragem, por isso temos de deixar a pressa de lado… Mas viajar é mesmo assim.
Nós saíamos de casa de manhã, com o carrinho da Maria para ela dormir a sesta e chegávamos ao apartamento para jantar, sempre ao fim do dia. Desta forma descobrimos a maravilhosa Cidade Velha, o 1º lugar onde os portugueses chegaram, os mercados cheios de cores da Assomada e o isolamento do Tarrafal, onde muitos já sofreram e como os Cabo Verdianos festejam o Carnaval.
Esta viagem é super adequada para crianças, a única coisa que a Maria não viu foi o Campo de concentração do Tarrafal, aproveitámos a sesta dela e fomos alternadamente visitar. Foi uma experiência intensa estar totalmente sozinha naquele sítio e sentir o peso da solidão e o peso de todo o sofrimento que por lá passou…

Viagens em família #20 Kuala Lumpur, Java e Bali
Antes da minha filha nascer andava a viajar há algum tempo para a Ásia. Do que eu conheço, é o que mais gosto e onde me sinto melhor. Gosto do clima quente e húmido, da comida, da cultura, da arquitectura e do preço do custo de vida! Quando ela tinha 2 meses comecei a viajar com ela mas nunca tinha ido ainda à Ásia quando ele fez 3 anos. Tinha chegado a altura. Fomos 33 dias em família à Malásia e Indonésia. E foi incrível!!
Para chegar lá foi uma história interminável que um dia vos posso contar, com direito a 4 voos. Quando estávamos a chegar a Amesterdão houve um apagão no sistema informático, o que provocou cancelamento de voos (incluindo o nosso) e reorganização de viagens. Precisámos de 2 dias para chegar à Malásia!!!
Lá ficámos a dormir num apartamento relativamente próximo das famosas torres e durante os primeiros 4 dias tínhamos um horário maluco por causa do jet lag. A Maria adormecia por volta das 5h da manhã e acordava um pouco antes da hora de almoço. Se fizerem viagens com miúdos contem sempre com uns dias de adaptação. Pelo menos para mim não me custa muita adaptar, basta dormir mal numa noite e consigo recuperar no dia seguinte. Sinto-me com sono ou cansada mas consigo aproveitar todo o dia, mas com ela demora um pouco mais. Nas viagens que temos feito já contamos sempre com este tempo e adaptação.
Assim sendo nos primeiros 4 dias andámos por Kuala Lumpur entre a hora de almoço e umas horas depois de jantar e depois de forma progressiva conseguimos sair do apartamento cada vez mais cedo, até chegarmos à hora “normal”. Todos os dias saíamos com carrinho de bebé, para a Maria dormir a sesta e também para guardar tudo o que precisamos tal como leite, pão, fruta e outras coisas que vamos precisando durante o dia.
Andámos imenso a pé como fazemos sempre, visitámos o bairro chinês, as Petronas, o centro, a parte antiga, foi super giro. Quando à comida não houve grande problema. Comemos sempre em bancas de rua, procurando sempre locais com muitas pessoas, o que me dá alguma segurança.

Depois de passarmos uns dias em Kuala Lumpur voámos para a ilha de Java. Gosto de locais sem turismo e como esta ilha se localiza entre Kuala Lumpur e Bali para onde íamos a seguir, decidimos ir conhecê-la. Tinha pesquisado imenso sobre Java mas nunca encontrei muita coisa, sem ser Yogyakarta, o que me suscitou imensa curiosidade.
Mas a experiência não foi muito fácil. Yogyakarta é um mundo totalmente à parte do resto da ilha. Nesta cidade encontram-se dois dos templos mais visitados do mundo, o magnífico Borubudur e o Prambanan, pelo que tem imensos turistas, transportes muito razoáveis, alguma variedade de comida e muitos hotéis e similares. Mas em toda a ilha de Java que conheci não é nada assim. Há poucos locais para dormir, a comida é quase sempre igual, entre arroz ou massa frita e os transportes são péssimos. Nós demorámos horas, muitas muitas horas para nos movimentarmos.
Em Bandung por exemplo perdemos uma manhã inteira para ir lavar roupa e trocar dinheiro, tal foi o tempo enfiados num táxi no caos de trânsito da cidade. A Maria tinha 3 anos nesta altura e estava numa fase em que não ficava entretida com nada e detestava andar de carro. Foi mesmo muito difícil mantê-la dentro de um carro sem nada para fazer durante tantos dias. Nós não fazíamos ideia disto porque realmente não há grande informação sobre Java! Gostei de lá ir e conhecer locais sem turismo mas foi muito difícil e stressante gerir as expectativas da Maria.
Ao fim de alguns dias percebemos que tínhamos de evitar ao máximo deslocações e fizemos um esforço enorme para pesquisar locais e atividades na Internet que pudessem ser interessantes para ela. Acho sinceramente que se fosse hoje não teria ido! Teria ido a Yogyakarta e seguido para Bali como a grande maioria das pessoas faz.
Chegámos a Yogyakarta de comboio, que é fantástico para a Maria porque ela pode circular e ir meter conversa com as outras crianças, como aconteceu. Logo ao sair da estação a minha filha até comentou: “olha aqui já há pessoas do nosso país!!” De facto tínhamos estado durante uns 10 dias sem ver um ocidental, o que foi uma excelente experiência que repeti poucas vezes. Acabámos a visita a esta ilha com vários dias dedicados a visitar os famoso templos Borobudur e Prambanan, que adorei. Confesso que o Prambanan foi o meu preferido até.

Quando chegámos a Bali, tínhamos apenas uma ideia do que queríamos ver e fazer, mas nem sequer tínhamos uma noite marcada. Já aprendi há algum tempo que para mim esta é a melhor forma de viajar. Mesmo com uma criança pequena.
Por mais que me prepare para uma viagem, estar num local novo pode ser mais interessante ou bem menos do que eu pensava. Por isso gosto de andar ao sabor dos dias. Se gosto fico, se não gosto sigo. Em Bali foi sempre assim também.
Andámos um pouco pela costa até que chegámos a Ubud e esticámos a estadia lá o máximo que conseguimos. Para mim foi o melhor de toda a ilha. As praias não são particularmente interessantes na minha opinião, mas se sairmos um pouco dessa zona e rumarmos mais para o interior a ilha torna-se muito mais interessante e menos turística. Alugámos mota e passeámos bastante, explorámos caminhos pouco conhecidos e estivemos em locais lindíssimos.
A comida é óptima e super variada, as pessoas são muito acolhedoras, os transportes são bastante razoáveis, a cultura é super interessante. É um destino que vale mesmo a pena por na lista.
