Quando pensei em viajar até à África do Sul sabia que uma das coisas que queria mesmo fazer era a observação da vida selvagem. Tinha de mostrar à minha filha os animais em liberdade, no seu habitat. Por isso fizemos um safári no Garden Route Game Lodge, visitámos a Monkeyland e percorremos de carro o Addo Elephant National Park, totalmente sozinhos, sem nenhum guia. Todas estas experiências foram absolutamente fantásticas pelo que a fasquia estava bem elevada para o que iríamos fazer a seguir, que era ficar mesmo a dormir numa reserva perto dos animais.

Existiam várias opções e nós escolhemos o Sanbona Wildlife Reserve, não só pelo safári, mas também pela elegância das instalações, mas principalmente pela ligação histórica que tem com o continente Africano e a África do Sul.

Sanbona deve o seu nome ao facto de ter sido a terra dos San, os primeiros povos do país e um dos mais antigos do mundo (há quem diga que são o mais antigo povo de todos). São também conhecidos como Bosquímanos e ainda hoje podemos encontrá-los em algumas regiões da África do Sul, assim como na Namíbia, Angola, Zâmbia ou Botswana. Nesta reserva de Sanbona existem (sete) locais onde se encontra arte rupestre com 3500 anos, que confirma a presença do povo San em tempos imemoriais.

Chegada ao Sanbona Wildlife Reserve

Saímos de Knysna logo de manhã e rumámos ao interior da África do Sul, por caminhos cada vez mais isolados, estreitos, sinuosos, mas com paisagens cada vez melhores. Os quilómetros finais foram feitos entre montanhas, por uma zona conhecida por Tradouw Pass, que significa “Womens Path”, ou seja, caminho das mulheres. Dizem que esta estrada é das mais bonitas da África do Sul. Eu não vi todas, mas acredito.

Chegámos aos portões da Sanbona Wildlife Reserve com a sensação de que estávamos totalmente longe de tudo, uma vez que na última hora de caminho não tínhamos visto casas ou pessoas, nenhum vestígio da presença humana. Depois de passada a entrada percorremos de carro durante 30 minutos a reserva, até ao ponto de encontro onde tínhamos combinado estar às 12 horas para fazer o check-in. Realizadas as formalidades entrámos numa carrinha que nos levou ao nosso quarto, para mais 30 minutos de viagem.

Chegámos a um complexo discreto, mas elegante e minimalista como eu gosto, com espaços decorados com artesanato típico do país. Aqui reina o silêncio, a paz e as paisagens a perder de vista. É perfeito para relaxar e desconectar do mundo e criar uma ligação à terra e aos animais. Além do espaço toda a equipa ajuda imenso para isso acontecer, com uma presença discreta sempre pronta a ajudar e muito atenta a pormenores e a eventuais necessidades.

No meu caso que fui em família com a Maria, deram-lhe logo à nossa chegada uma mochila, um caderno (para pintar) com os animais que se podem encontrar na reserva, uns lápis e um boné. Ela ficou muito mais envolvida e queria logo começar a procurar todos aqueles animais.

Também foi fantástico para ela de nos terem colocado nos safáris com um casal (italiano) que tinha uma filha da mesma idade dela. Ficaram amigas mesmo falando línguas diferentes e acredito que tenham criado boas memórias por se terem conhecido e partilhado a emoção de fazer um safári!

Os safáris

Enquanto estive no Sanbona Wildlife Reserve fiz dois safáris. Um no primeiro dia em que cheguei, depois de almoço e o outro no dia seguinte de madrugada. Em ambos os tours não vi muitos animais (comparado com o que eu já tinha visto) mas como fomos com uma ranger aprendi bastante sobre os que vimos. Gostei em especial da experiência de ver os animais a “acordar”, antes do nascer do sol, coisa que nunca tinha feito antes.

O jantar à volta da lareira

No dia em que cheguei à reserva, depois do safári da parte da tarde estava reservado para nós uma noite absolutamente memorável. Muito perto da piscina existe uma zona protegida com muro de pedra circular que tem no centro espaço para uma fogueira. É aqui que são servidos os jantares em formato buffet. As mesas estão dispostas à volta da fogueira, assim como as mesas com comida e o local onde é grelhada carne se alguém o desejar. Depois de terminada a refeição sentámo-nos mais próximos da fogueira e por baixo de um céu estrelado.

Para ajudar a vermos os planetas e as constelações daquele céu encontra-se disponível um telescópio e uma equipa de dois senhores que nos ajudam a localizar. Nós vimos Júpiter e Saturno com os seus anéis. Quando fomos dormir ainda vimos umas raposas.

O quarto

No complexo onde fiquei existem alguns quartos, todos eles sem fechadura. O meu era muito espaçoso, elegante, muito bem decorado e com uma varanda privada com vista para a reserva. Na casa de banho além do duche, existia uma banheira virada para uma enorme janela, que parecia um pouco tirada daqueles filmes em que a atriz principal tem um grande plano a tomar banho e a olhar para o infinito. Infelizmente acabei por não ter tempo para o fazer… Espero voltar.

Obrigada ao Sanbona Wildlife Reserve pelo convite. Como sempre, os meus comentários são independentes.


Dicas para viajar até ao Sanbona Wildlife Reserve

(Se fizer as suas reservas através destes links, não paga mais nada por isso e eu ganho uma pequena comissão, o que é determinante para eu continuar a escrever sobre viagens. Obrigada!).

Como chegar: Para ir direto ao Parque pode voar até Cape Town, que fica a 270 quilómetros. Desta cidade é melhor alugar carro, uma vez que na África do Sul os transportes públicos podem não ser uma boa opção. Verifique na RentalCars mas digo-lhe já que eu aluguei com a Bidvest e correu tudo bem.

Vai ter de entrar no portão principal e percorrer 15 quilómetros até ao Welcome Lounge, onde será feito o check-in. Todos os dias às 12h30 estará lá uma equipa para receber os hóspedes e transportá-los na carrinha do Sanbona Wildlife Reserve para o respetivo alojamento.

Onde dormir: Há quatro diferentes possibilidades de alojamento. Pode ficar no complexo em que eu fiquei, que se chama Gondwana Family Lodge, direcionado para famílias. Pode também optar pelas luxuosas tendas do Dwyka Tented Lodge ou também pelo complexo destinado apenas a adultos Tilney Manor. Dependendo da altura do ano em que for e das condições climatéricas que estiverem pode ficar no Explorer Camp, para uma experiência mais aventureira.

Seguro de viagem: Eu tenho um cartão de saúde que me permite fazer uma extensão para os locais onde eu viajo, por isso normalmente não falo outro seguro. Para quem precise recomendo o da World Nomads, que é amplamente recomendado, tal como acontece com a Lonely Planet.

Consulta do viajante: Já aqui falei da importância da Consulta do Viajante. Todos os destinos e todos os viajantes podem beneficiar de uma consulta do viajante, no entanto, habitualmente, as viagens para países do hemisfério sul são as que mais preocupam. Não se esqueça de procurar um médico desta especialidade e manter-se informado.

Cartão bancário: Em viagem utilizo sempre o Revolut, tenho poupado imenso em taxas e um pouco também no câmbio, quando converto para a moeda que quero utilizar.

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