1 – Visitar a vila de Alcoutim
Alcoutim é uma pequena e encantadora vila do interior do Algarve, com um pouco menos de 500 habitantes (o concelho com aproximadamente 2500 habitantes), banhada pelo rio Guadiana e com uma longa história associada à terra que lhe se encontra mais próxima, já em terras espanholas. veja aqui 10 razões para a visitar.
2 – Ser pastor de cabras de raça algarvia
No Algarve existe uma raça de cabras que eu não conhecia. É a raça algarvia, que são animais de pelo curto, cor branca com malhas pretas ou castanhas normalmente, que se encontra adaptada ao clima e às condições da serra algarvia.
Em Corte de Seda, uma pequena povoação a 5 quilómetros da vila de Alcoutim, é possível tomar contacto com estes animais, no seu habitat natural. Por estas bandas ainda há alguns pastores que “teimam” (e ainda bem) em perpetuar a cultura portuguesa e de produtos portugueses. Um desses casos é o que acontece n´ “O Sítio da Cabra Algarvia” em que o Nuno pretende divulgar e valorizar as cabras de raça algarvia e os seus produtos. Eu acompanhei-o e aos seus animais umas horas pela serra no fim de um dia super quente. As cabras aqui mandam. E nós vamos para onde elas querem comer.
No final do pastoreio, no meio da serra algarvia, sentámo-nos para um pic nic com produtos regionais, tais como pão, azeitonas , doce e um fantástico queijo de cabra que foi uma perdição. Depois de uma boa conversa, com algumas partilhas de preocupações e de desafios, lá nos metemos na carrinha e regressámos pelos altos e baixos da paisagem, já o sol se tinha posto.
Cabrinhas de raça algarvia Pic nic com produtos da terra
Cabrinhas de raça algarvia Cabrinhas de raça algarvia
3 – Conhecer Giões e o interior de Alcoutim
Muito perto do rio Vascão que divide o Algarve do Alentejo, a 25 quilómetros da vila de Alcoutim, localiza-se uma pequena povoação de nome Giões. As terras são as pessoas, por isso para mim é impossível dissociar a Luísa e o João desse local. Eles são um casal super simpático, que têm um alojamento local (Recanto d´aldeia) que dá vida a este interior e que me receberam a mim e à minha família, como se fossemos velhos conhecidos.
Giões é uma povoação com poucas casas, algumas das quais habitadas mas tantas outras já abandonadas, que a Luísa e o João têm estado a recuperar com as sua próprias mãos. Desta forma estão a dar uma boa dinâmica a uma terra que apesar de se encontrar inserida numa paisagem serrana incrível tendia com toda a certeza para o abandono…
4 – Visitar um montinho em ruínas
No concelho de Alcoutim existem várias pequenas povoações, com cerca de dez ou quinze casas, designadas por montinhos, que estão abandonadas há alguns anos. Como sabemos o problema da desertificação é um problema que todo o interior de Portugal atravessa, não apenas o Algarve ou Alcoutim.
Eu fui conhecer um destes casos (o Montinho da Silveira), para conhecer como eram antigamente as casas e as povoações e também para não deixar esquecer este problema que o nosso país atravessa. Importa refletir o que todos podemos fazer.
5 – Tomar banho num pego
No concelho de Alcoutim existem várias ribeiras, pelo que existem muitos locais mais ou menos remotos onde é possível estender uma toalha e dar um mergulho. Eu fui a uma delas, à Ribeira da Foupana, a alguns quilómetros da estrada principal e o cenário é idílico, com uma bonito percurso de água envolvido por uma densa vegetação.
Não são sítios muito conhecidos, pelo que recomendo que pergunte na vila, aos locais. Se quiser uma “praia” só para si, vale bem a pena.
6 – Tomar contacto com a antiga arte do ferro
Na aldeia do Pereiro a arte do ferro já teve uma enorme importância na economia local. Noutros tempos quando muitos algarvios eram agricultores, eram aqui feitas as alfaias agrícolas e também era o local onde se vinham “calçar” os animais. Alcoutim não quer deixar esquecer esta tradição e por isso criou um espaço museológico tendo em vista não deixar cair o passado no esquecimento.
A Casa do Ferreiro é um antigo local de trabalho, onde hoje em dia se encontram expostos os objectos que eram utilizados pelos mestres do ferro e onde são partilhadas histórias de todos os que passaram por lá, que esperemos que o tempo não venha a apagar.
À primeira vista poderá não parecer ser muito interessante conhecer um antigo local de trabalho do ferro, mas é preciso olhar para espaços como este e ter uma perspectiva muito “maior”. Conhecer a vida de um ferreiro e o seu local de trabalho, permite-nos desvendar alguma informação sobre o enquadramento social em que estava inserido, sobre a sua forma de viver, as pessoas que iam à sua oficina, as relações que deveriam existir entre elas. É um local a não perder.
7 – Conhecer uma antiga escola primária
Um pouco pelo país já tinha tido a sorte de entrar numa ou noutra antiga escola primária, mas a de Santa Justa, na zona de Martim Longo foi de longe a mais interessante que já vi. Além de estar muito conservada, com mesas, cadeiras, quadro e toda a envolvência como era no tempo da ditadura, tem uma colecção absolutamente incrível de livros, jogos, material de apoio e documentação como nunca tinha visto.
Aqui mexi em jogos que eram utilizados nas aulas para aprender matemática, folheei livros onde li sumários, faltas e justificações e descobri por exemplo que as aulas já foram dadas na rádio… Imperdível este Núcleo Museológico.
8 – Descobrir as histórias do rio Guadiana
A vila de Alcoutim localiza-se na margem direita do rio Guadiana, o que teve uma importância enorme em toda a sua história. O rio dos patos, ou o rio Grande do sul como também é chamado, tem de ser visto não “apenas” como um rio, mas sim como uma auto-estrada. É que durante muito tempo o Guadiana foi um importante eixo comercial entre Portugal e o amplo mundo do Mediterrâneo. Alcoutim, que já era ocupada desde a pré-história, registou um enorme desenvolvimento nesta época de grande trânsito de pessoas e mercadorias.
Existe um espaço em Guerreiros do Rio, onde podemos saber um pouco mais do Guadiana. No Museu do Rio ficamos a conhecer os diferentes tipos de barco de pesca que eram utilizados, as diferentes técnicas da arte da pesca que eram praticadas tal como a de “colher”, a relação com Sanlucar do Guadiana, que fica do outro lado do rio, o contrabando e o comércio que existiu rio acima e rio abaixo. Todas as histórias fizeram Alcoutim o que é agora.
9 – Almoçar com habitantes locais
No Zambujal é possível almoçar com habitantes locais e sentir-se entre amigos. Basta falar e reservar mesa com o “Feito no Zambujal“. Umas boas horas com pessoas da terra, com discussão de vivências e experiências, é a melhor forma de tomar contacto com uma região, na minha opinião.
Os irmãos Rui e o Manuel são os donos da empresa que se dedica à criação de porco alentejano e à transformação da sua carne, enchidos e presunto e servem também por vezes refeições a pedido. Bom bom é que se sentam à mesa connosco. Se não gostar de carne, há várias opções para vegetarianos e acredito que sejam igualmente boas.
10 – Provar pratos regionais
Experimentar pratos novos da gastronomia local, é ter contacto com a história e a cultura de um determinado local. Em Alcoutim há várias especialidades de carne como ensopado de borrego, migas com carne de alguidar ou com entrecosto, cabidela, cozido de grão, ou pratos de peixe como lampreia ou caldeirada de peixe do rio. Para os amantes de caça existem disponíveis v+ários pratos de lebre, coelho, javali, perdiz ou veado por exemplo.
Se tiver oportunidade recomendo conjugar uma visita à região de Alcoutim com o Festival de Comida Esquecida. Eu ainda não fui mas adoro o conceito desta iniciativa. A ideia é não deixar morrer todos os produtos que são típicos do Algarve e por alguma razão já não são muito utilizados. Nesta iniciativa há visitas às hortas e muitos convívios à volta da mesa. Sempre com pratos típicos da região.
Um muito obrigada à Região de Turismo do Algarve e à Câmara Municipal de Alcoutim por todo o apoio na blog trip de três dias que me permitiu conhecer bem a região de Alcoutim, assim como ao Recanto d´Aldeia que me acolheu de forma tão simpática em Giões e que me permitiu conhecer bem melhor o interior do concelho. Como sempre, os meus comentários são independentes.
Informação prática
Como chegar
Se for de carro até Alcoutim conte com cerca de três horas de Lisboa, cinco do Porto e uma de Faro. Não há vias rápidas até lá, pelo que utilizando a Nacional e/ou a Estrada Municipal é sempre um pouco mais lento. Se for de sul recomendo chegar à vila pela via mais próxima do rio Guadiana (EM 507), a paisagem é lindíssima. Optando por transportes públicos (comboio ou autocarro) vai ter sempre de ir ao Algarve litoral (Faro ou Vila Real de Santo António por exemplo) e depois apanhar um autocarro para a vila.
Como se deslocar
Para conhecer a região vai necessitar de ter o seu transporte. Tenha em mente que não há nenhum local em Alcoutim para alugar carro, sendo o sítio mais perto para o fazer Monte Gordo, a 35 quilómetros. Compare os preços e as várias possibilidades em Rentalcars. Sempre que alugo é aqui que vejo.
Onde dormir
Para descobrir a região recomendo ficar um ou dois dias na vila no Hotel D´Alcoutim, que se localiza a uma caminhada de 13 minutos da zona mais central de Alcoutim, junto ao rio. O Hotel é super elegante, o staff é fantástico (incluindo o dono) e tem uma piscina no exterior com imenso espaço à sua volta. O pequeno almoço é agora servido à mesa em intervalos de 30 minutos previamente marcados para manter a segurança.
De seguida recomendo ficar pelo menos mais dois dias com a Luísa e o João, no Recanto d´aldeia, nos Giões. Alcoutim é uma região de serra e ficar numa aldeia em contacto com esta realidade é imprescindível na minha opinião,
Onde comer
A vila de Alcoutim não é muito grande pelo que a nível de restaurantes, na zona mais central tem pouco mais do que o Camané na praça da República e o Sítio do Costume muito próximo do Cais. Quer um quer outro deverá comer razoavelmente bem. Recomendo reservar mesa no terraço do Sítio do Costume com indicação já do que pretende comer, para evitar eventuais longas esperas.
Fora da vila tem alguns locais disponíveis em Martim Longo, em Giões ou em Balurcos por exemplo.
Terra que ESTÁ no meu CORAÇÃO !
Terra de toda A minha família paterna !
No CEMITÉRIO ESTÃO os meus entes queridos.
EXISTE AINDA , no monte Afonso Vicente, a casa dos meus avós, A casa do forno,
Terrenos, quintais,.pedaços de terra, junto ao Guadiana.
HERANÇAS que passam de GERAÇÃO em geração…família dispersa nos Tacões E montes vizinhos…
Comove-me saber que sou, metade de mim, PERTENÇA algarvia, com muito orgulho!!!
Olá 🙂
Alcoutim é sem dúvida uma região que fica no coração!
Que partilha interessante a sua, obrigada por isso.
E só por curiosidade…também sou algarvia! Mas no meu caso de Faro. Mas confesso que gosto muito mais de Alcoutim
Falta aqui as “cerâmicas de alcoutim” em permanente actividade há 24 anos.
Olá Isabel 🙂
Não conheci, que pena! Onde ficam exatamente?